Televisão

Por mais previsível que parecesse, a morte do apresentador e empresário Silvio Santos neste sábado pegou todos os brasileiros de surpresa, inclusive o próprio canal SBT, que tinha ordens do próprio dono de não ter nenhum material póstumo preparado em homenagem, levou algumas horas enquanto mantinham a grade de transmissão normal e então foram homenagens e mais homenagens nos diversos canais de televisão, principalmente ou de televisão aberta.

Nos últimos anos de sua vida, ele era um apresentador “fio desencapado” e visto das antigas, e foi até cancelado em diversos momentos em situações ao vivo com a ex-ancora do SBT Brasil, Raquel Sherazade e a cantora Claudia Leitte, mas isso acaba ficando muito pequeno para o que ele representa como empresário e principalmente comunicador no Brasil.

A genialidade de SILVIO SANTOS está em todos os detalhes, por vir de baixo e passar um período importante de sua vida como camelô, sempre soube falar exatamente o que o brasileiro mais popular estava interessado de ouvir, com sua humildade e sorriso no rosto, Silvio soube como ninguém conversar com público estabelecendo uma relação de amizade, muito dos relatos de populares ouvidos até agora falam a respeito de como todos sentiram que perderam um amigo ou uma pessoa próxima da família.

 

O que poucos apresentadores de televisão fazem até hoje é fazer o próprio convidado se apresentar para o programa, por mais que fosse obvio que convidado era aquele que estava ali, para Silvio ninguém era dispenso dessa apresentação. Situações de informações técnicas e difíceis ao público era bastante recorrente o apresentador abrir as portas do seu programa para políticos poderem informar da maneira mais simples e fácil possível, claro com a ajudar de Silvio do que era preciso dizer.

 

Ficaram famosos casos de hiperinflação no Brasil que foram como convidados a então Ministra da Fazenda, Zelia Cardoso de Mello que foi explicar o confisco em 1990 no programa Show de Calouros e o Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso que foi explicar o Plano Real em 1994 como então Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.

 

Em um quadro que humoristas homenagearam o Silvio, o humorista Ceará que por anos foi conhecido como o Silvio do Pânico, relatou um truque do apresentador que todos os telespectadores achavam que era apenas uma característica de sua fala: o som de “M” arrastado no final de algumas palavras. Na verdade o motivo deste “M” arrastado era para cortar o eco que o microfone captava de auditórios de televisão.

 

Por mais que sempre brincalhão, aparecia em redes sociais com cabelo branco, sem maquiagem, com pijamas e “uniformes de férias”, trazia o lado Senor Abravanel. Enquanto entrava ao vivo no SBT como SILVIO SANTOS, estava tudo impecável, maquiado, de peruca, dentes brancos e sempre com um terno sob medida que combinasse com o cenário do programa que fosse apresentar, afinal ele era o grande animador de auditório. E o auditório sempre muito colorido e divertido, isso era pensado para fazer parte do show, afinal o colorido traz a alegria que fazia parte do grande objetivo: sorrir e cantar.

 

É comum ouvir dizer que ele simplesmente passava longas temporadas em sua casa em Orlando, e copiava todos os formatos da televisão que davam certo e fez o SBT simplesmente dando um ctrl C + ctrl V. O que é uma análise muito superficial, um programa de auditório não se faz sozinho e o publico brasileiro não tem os mesmos interesses que o público americano, é preciso saber ler a mente do brasileiro para poder traduzir a ideia e a referência.

Hoje em dia é muito comum emissoras de televisão comprarem importarem modelos de programas, e vários não funcionam, o segredo é saber quem vai comandar cada programa, quais serão os chamativos, o que terá de improviso, quem serão os coadjuvantes, é transformar em algo que o brasileiro adore: um grande circo.

Se formos analisarmos os arquetipos Junguianos que ele trazia, três eram muito marcantes e muito divididos entre o mesmo personagem: bobo da corte para trazer a alegria, o homem comum para ser o apresentador mais claro possível e o governante com o responsável pelos programas de auditório e pelo o próprio canal se confundir com a imagem do apresentador.

Todos estes aspectos do Silvio mostram que não era apenas um apresentador de televisão carismático, mas o maior mestre da comunicação que o Brasil já teve em todos os tempos.

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